quarta-feira, 30 de março de 2011

Iron Maiden - Live In Rio - Parte 01

Por Haggen Kennedy.

O dia 27 de março de 2011 deveria ser de alegria e realização, mas graças a imprevistos desastrosos e uma desorganização indigna da cidade que já sediou três Rock in Rios, a apresentação do Iron Maiden viu-se reduzida a uma única música. Sem vocal.
__________________________________________________________________

Tudo começou com os pagantes (frise-se a palavra pagantes) que faziam fila para entrar no HSBC Arena, ginásio com capacidade para 18.000 pessoas, segundo dados oficiais da própria entidade. Como se sabe, tem gente que chega de manhã cedo para tentar marcar lugar nos espaços que oferecem melhor visão do show. Pois a primeira gafe da organização do evento foi justamente em relação a essas pessoas.

Embora o horário de abertura dos portões estivesse marcado para as 18:30, só às 19:30 começaram a entrar os primeiros pagantes. A essa altura, a fila era quilométrica, dando voltas sobre si mesma (na confusão, por falta de espaço, teve gente que não sabia em que ponto da fila estava). E só mesmo havia mesmo aquela fila, sem diversidade de pontos de entrada: a única forma de acesso era a rampa da parte frontal da HSBC Arena, o que tornou o processo muito mais lento.

Não bastasse o já mencionado atraso, a fila quilométrica e um único ponto de acesso ao ginásio, foram postas também grades em zigue-zague bem em frente à entrada, fazendo com que o processo se tornasse ainda mais vagaroso. Segundo relatos não confirmados, os próprios fãs decidiriam remover as grades, haja vista a condição de mulheres e crianças que estavam sendo esmagadas pela pressão.

É incerto quantas pessoas chegaram a estar presentes durante o repertório da banda de abertura Shadowside, pois às 20:00 milhares de pessoas ainda batalhavam para entrar no local. O Iron Maiden, que estava previsto para tocar às 20:30, obviamente se viu obrigado a protelar sua apresentação, e os conhecidos acordes de “Doctor, Doctor” soaram apenas meia-hora mais tarde, às 21:10.

Como sempre, o Iron Maiden entrou com força total, e a adrenalina dos presentes se viu concretizada num fato no mínimo curioso: a pista VIP tomava mais espaço que a pista comum. Na prática, isso significa que o espaço idealmente reservado para menos pessoas subitamente se viu preenchido por uma leva de gente que quase não cabia no espaço alocado. A pressão, como se sabe, não é pequena, já que o desejo do público é justamente ficar o mais perto possível do ídolo.

A finalidade da barreira de proteção entre o público e o palco do artista é dupla: deixar que agentes da imprensa realizem seu trabalho, tirando fotos ou filmando a apresentação; e, mais que isso, servir como limite de segurança para que esses mesmos artistas possam realizar seu show sem ter que se preocupar com a própria vida, e também que aos próprios fãs seja permitido se apoiarem num ponto seguro, a fim de não se machucarem. Imagine a vida sem o alambrado, fãs esmagados contra uma parede que suporta a banda logo acima. Quem passa mal na frente do palco e não tem para onde sair, morre ali mesmo. É importante que o espaço exista, a fim de que o cidadão que não se sinta bem possa ser retirado logo ali pela frente e levado ao posto de atendimento médico mais próximo.

Mas mais que isso, toda barreira tem um requisito importantíssimo: resistir à pressão. De que serve um alambrado que desmonta? Pois foi isso mesmo que aconteceu: Bruce não tinha sequer chegado ao refrão da primeira música da noite, “The Final Frontier”, quando o alambrado simplesmente cedeu, desabando para a frente e caindo por sobre a borda dianteira do palco. O público, hipnotizado pelo poder da Donzela, num piscar de olhos se achou bem ali nos limites do palco, subindo por sobre a grade caída e lutando para conseguir tocar nas vestimentas de algum dos integrantes da banda. O vocalista parou de cantar e o guitarrista Janick Gers, fazendo gestos com a mão enquanto tocava, pediu que os fãs chegassem para trás. Apesar da euforia, a banda manteve uma calma impressionante.

Já o desvario do público na grade era tão substancial que a princípio foi impossível empurrá-los de volta ao espaço original. Seguranças olhavam para a situação, perdidos, sem saber como conter a multidão que invadia os limites do palco. O fotógrafo oficial da banda por pouco não escapa: momentos antes do alambrado ceder, via-se o indivíduo subindo no palco e correndo em meio à própria banda, no meio da apresentação, para fugir do colapso. Bruce já havia parado de cantar a música e falava ao microfone, pedindo que o público se afastasse do palco para que a produção consertasse a barreira de proteção.

O instrumental tocou a música inteira até o fim, Bruce passando a mão na garganta em sinal de “corta, não tem como fazer o show”. Terminado esse primeiro - e único - item do set list, o vocalista novamente pediu que todos tivessem calma e que se afastassem do palco para que a situação pudesse ser remediada. Disse duas ou três vezes que voltaria em 10 minutos, pedindo, em piada, que ninguém saísse dali.

Não foram dez minutos, e sim quase meia-hora. No ínterim, o manager da banda, Rod Smallwood, chegou a usar uma intérprete para pedir que todos mantivessem a calma e que se afastassem do alambrado, a fim de que pudesse ser reparado. Os que estavam colados na grade se mostravam receosos em deixar o lugar que haviam conquistado com tanto sacrifício, mas algum tempo depois tiverem que ceder. Principalmente quando um membro da equipe segurança chegou a atacar fisicamente, com um porrete, um fã que se recusava a sair dali.

A comoção foi grande, não só à frente do palco, mas em todo o ginásio. Passados 20 minutos de espera, a paciência já se esgotava e a vaia era geral, ecoando por todo o ginásio. Só depois de mais algum tempo surgiu Bruce Dickinson com Fabiana, a intérprete previamente usada por Rod, para dizer ao público que o alambrado se havia quebrado por completo e que, por não querer que ninguém se machucasse, o show seria transferido para o dia seguinte. Disse ainda que a “polícia” (queria dizer ele, a equipe de segurança) havia declarado que pelo resto do show o alambrado não estaria seguro. E assim estava cancelado o show do Iron Maiden no Rio de Janeiro, sendo prorrogado para o próximo dia. Os pagantes poderiam usar o mesmo ingresso que lhes garantiu o acesso no dia 27, e os que não pudessem ir ao evento poderiam obter o reembolso.

A grande maioria ficou decepcionada, já que um show na segunda-feira não é o mesmo que num domingo. Além disso, nem todos os pagantes são do Rio, tendo que obrigatoriamente perder a apresentação do dia seguinte por obrigações em seus locais de proveniência. Alguns formalizaram a indignação por meio de violência, chutando barras de metal e catracas - uma pequena parte do teto de gesso da entrada da pista VIP chegou a ser depredada -, mas esses exemplos foram exceções. A absoluta maior parte do público deixou o local pacificamente, sem demonstrações de violência, apesar de que suas expressões mostravam grande dor por perder a apresentação da Donzela. Para muitos, a transferência para o dia seguinte não era uma opção. A insatisfação era visível, olhares de incredulidade marcando os rostos dos presentes.

Do lado de fora houve breve altercação entre alguns indivíduos e a polícia, mas foi mínima, sendo resolvida rapidamente. Ao contrário da propaganda sensacionalista que certos veículos midiáticos adoram usar como forma de alcançar maior divulgação de seus produtos, não houve quebra-quebra generalizado nem qualquer tipo de violência. Houve apenas poucas exceções isoladas e sem maiores repercussões, considerada a gravidade dos acontecimentos.

Em comunicado oficial, cerca de cinco horas após o cancelamento do show, a HSBC Arena se pronunciou com informações tanto para os que desejam e para os que não poderão assistir ao show da banda no dia 28/03/11. O website oficial do Iron Maiden também colocou uma nota em sua seção de “news”, dizendo basicamente o mesmo que a HSBC Arena: por decisão conjunta da banda e da organização do evento, o show havia sido transferido para o dia seguinte.

Assim, o dia 27 de março terminou em frustração para todos aqueles que compareceram ao espetáculo. Em particular para quem se deslocou de longe para o show e passou o dia inteiro numa fila que simbolizou a falta de organização e preparo dos produtores do evento, conjugadas com imprevistos que poderiam ser minimizados caso fossem tomadas medidas relativamente simples.

O mais revoltante, no entando, é testemunhar o modo como certos veículos midiáticos teimam em propagar a notícia de que o culpado de algo dessas proporções é o fã - justamente a maior vítima dessa falta de respeito. Onde já se viu barreira de proteção quebrar por causa de fã? O alambrado do Rock in Rio III consegue segurar 250.000 pessoas, e a do HSBC não consegue segurar 1% dessa monta? Não há como compreender a razão que leva alguém a dizer que o fã que paga 400 reais num ingresso, espera numa fila o dia inteiro, não vê a banda de abertura (e portanto não aproveita o valor do ingresso), é espremido, pisoteado, esmagado, corre o risco de se machucar com um equipamento armengado e defeituoso de uma produção mal preparada, é agredido fisicamente pela equipe de segurança, ainda tem seu show cancelado e volta para casa frustrado... não há como entender em que capacidade ele é o culpado da estória.

Não, não há como compreender.

Vídeos



PS: Não escrevi esta resenha, pelo simples fato, de meu amigo de longa data Haggen Kennedy, tê-lo feito com tanta propriedade e riqueza de detalhes. Aguardem a Parte 02 com fotos e filmagens em FullHD.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Palco do Rock (SSA) 2011



Festival Alternativo Palco do Rock. Um dos mais expressivos festivais de rock independente do Brasil surgiu da iniciativa de músicos do estilo que reivindicavam um espaço no carnaval baiano. O festival seguiu sua linha tradicional e aconteceu entre 05 e 08 de março, durante a folia carnavalesca do Brasil. Foi no mesmo lugar de sempre: o Coqueiral de Piatã. Rock and Roll à beira-mar em uma das mais belas praias de Salvador e começou às 17 horas na arena de shows.
____________________________________________________



Com um público estimado em 30 mil pessoas nos 4 dias de evento, encerrou-se em 08/03 a 17º edição do Palco do Rock. Mas nem tudo são flores, no 1º dia do evento a empresa contratada para montagem do palco atrasou a mesma, o que culminou com que as bandas desse dia tivessem seu repertório capado.

Falando sobre as bandas, a equipe do Blog esteve presente em 3 dos 4 dias do evento. Vamos a resenha de um por uma.

1º Dia - Norfist (Lauro de Freitas/BA) - Templarius - Siege of Hate (CE) - Cama de Jornal (Vitória da Conquista / BA) - Álvaro Assmar - Malefactor - Pastel de Miolos (Lauro de Freitas / BA) - Acanon




A Norfist, fez um show competente mesclando seu punk hardcore, mas por problemas técnicos do som que horas o PA direito funcionava, oras parava e problemas na caixa da guitarra, não pode apresentar o seu melhor. Mostraram suas músicas e uma homenagem a Banda Olho Seco.

Após 10 minutos, sobe ao palco a Templarius, banda que estava lançando seu clipe. A banda é boa, tem músicos excelentes, mas o que falar da sua vocalista, que além de muito bonita não tem alcance vocal? O show estava transcorrendo muito bem, quando inventaram de fazer um cover em versão Metal de "Un-Break My Heart" da Tony Braxton uma cagada sem tamanho. Depois inventaram de tocar Iron Maiden, e aí foi o fim da picada, totalmente sem voz para tal, Assassiram "Aces High", "Flight Of Icarus". Me da muita raiva de bandas que ensaiam e fazem esta merda. Para não dizer que o show foi de todo ruim, a música do clipe, ficou muito bem ao vivo.


Em seguida, foi a vez da Siege Of Hate, cansado por ter chegado cedo, não acompanhei o show direito e também a da Cama de Jornal na seqüência.

Após a Cama de Jornal, o excelente Bluesman Alvaro Assmar começa seu show. Muito competente fez um show curto, porém, muito bom para mostrar que temos na cidade um grande músico a la Mississipi (EUA). O ponto alto foi o cover de Black Sabatth, muitíssimo bem feito.


Então, após uns 15 minutos, umas das bandas mais aguardadas, sobe ao palco. A Malefactor, também com show curto por conta do atraso no inicio do evento, teve que picotar seu set. Ponto alto foi a música nova, "Crom", um excelente tema medieval e um tributo a Dio.

Bom, com raiva por tanta incompetência em relação aos atrasos, após o show da Malefactor, fui embora pois teria que enfrentar uma longa jornada de engarrafamento para retornar a minha casa.

3º Dia - Chip Trio - Incrédula - NôNEIME (Valente / BA) - Ulo Selvagem - Baranga (SP) - Claustrofobia (SP) - Riverdies (RJ) - Human (Santa Bárbara / BA)



Neste dia, Infelizmente por morar na área do carnaval fiquei impedido pelo engarrafamento de ver os shows da Chip Trio e da Incrédula. Os shows não foram prejudicados, pois não houve atraso. A NôNÊIME (Valente/BA) mostrou seu pop rock vigoroso e cheio de reflexões, não deixando o público descançar um só momento.

Após um pequeno intervalo, a Ulo Selvagem, banda qual pertence Sandra (presidente da ACCR) demonstra que ainda tem muito sangue e brio para continuar a tocar por muito tempo. Com seu hardcore crossover rápido, guitarras pesadas e vastas influências de Thrash Metal e Punk Rock, fez o palco do rock subir poeira com as rodas punk. 


Chega a vez da Baranga (SP), mais uma estreante no palco do rock, fez um show coeso e sem firula, porém onão conseguiu aquecer o público. Tenho para mim que a falta de divulgação ou pouca divulgação da banda pelo nordeste, fez com que poucas pessoas conhecerem o trabalho da mesma. Espero um retorno em breve.

Após mais um intervalo, eis que surge a banda mais experiente da noite, Claustrofobia (SP). Com seu Thrash/Death Metal, trouxe uma multidão que estava na área de camping e pelas barracas para a frente o palco. Sua devastação sonora, que não deve em nada para as bandas gringas, transformou o local em um palco de guerra, sem qualquer violência. Após um longe tempo sem tocar em Salvador, os paulistas vieram com sangue no olho e mandou seus petardos quase sem parar. Para seu 1º show em 2011, foi simplesmente espetacular.


Mais uma vez, não pude ficar para as ultimas bandas, pelo velho motivo do engarrafamento. Segui pra casa para um merecido descanso.

4º Dia - Attemporais - Código Remoto - Fridha - Minus Blindness - Trampa (DF) - Velhas Virgens (SP) - Clube de Patifes (Feira de Santana / BA) - Act Of Revenge


É chegado o último dia de shows do Palco do Rock 2011. Há tempos venho percebendo que o derradeiro dia, é sempre bem cheio, e neste ano não foi diferente. Resolvi sair um pouco tarde de casa, evitando assim o terrível engarrafamento, portanto não peguei o show da Attemporais. Prosseguindo, em compensação, pude ver o show da grande concorrente a Banda Revelação, a Código Remoto. Vencedora da Oficina, com seu Metal Alternativo, mostrou bastante qualidade e desenvoltura, para uma banda com pouco tempo de estrada.


Na seqüência, mais uma grande favorita a Banda Revelação, a Fridha. Com seu rock n roll cantado em bom português, conseguiu manter o publico agitado e fizeram um show muito bem feito. Taí uma banda que que uma boa produção, pode figurar na MTV. Destaque para o cover do Planet Hemp, que fez a galera relembrar os bons tempos do Hardcore Brasileiro.

Chega a vez da Minus Blindness, figurinha carimbada dos mais recentes shows de Metal em Salvador. Por conta de problemas com o baterista, a banda fez mais um show tributo, ou seja, recheado de covers. Por causa disso, só conseguiu atrair atenção do público quando distribuia seus EP´s e no cover do Metallica e fim de papo.


Um pouco de descanso e já está no palco outra estreante, a Trampa (DF). Confesso  que nunca tinha ouvido nem falar desta banda, mas por conta do show deles fui a caça de material. Me surpreendi com a excelente qualidade da banda. Com fortes influências do Grunge, a banda brasiliense sente-se à vontade para experimentar mais sonoridades e alternar o peso com músicas mais melódicas e baladas. Destaque para o maravilhoso cover de Haiti, composição de Gil e Caetano, feito em versão rock. Espero que dentro em breve a volta para um show solo, pois foi muito pouco. 

Já passava das 23:00, quando sobe ao palco, a Velhas Virgens. Assim que começa a tocar uma multidão se aglomera para curtir o show. Com seu blues-rock e temática voltada para o sexo e bebida, deixa o publico totalmente louco com um clássico atrás do outro. Paulão e Juliana (vocais), demonstram um perfeito entrosamento e interatividade com os presentes. Acho que o tempo longe de salvador, só fez crescer a vontade de todos que ali estavam para ver ver e ouvir a banda. As musicas eram cantadas em uníssono. Após 25 anos de carreira, a Velhas Virgens continua animando de adolescentes a idosos. Após cerca de 1h40 min, a banda se despede deixando uma vontade de quero mais e demonstrando que é uma favorita a Destaque do Palco do Rock 2011.


Por conta da entrevista com as Velhas Virgens, não pude acompanhar o Show do Clube de Patifes e da Act Of Revenge. Espero que Palco do Rock 2012 mantenha a qualidade dos deste e dos ultimos anos, pois isso só faz crescer o número de pessoas que fazem questão de estar longe do Carnaval Bagaceira de Salvador.

Agradecimentos a ACCR-BA, na pessoa de Sandra (Presidente) pelo apoio e um especial a minha amiga e grande fotógrafa Ana Prado, por eternizar estes momentos com seu magnífico trabalho. Valewz!!!

Fotos
Vídeos







Entrevistas


TV LobuS

Como assistir? 1) Baixe o Veetle Player. O player roda nos seguintes sistemas operacionais: Windows 7, XP, Vista, 2000, 98; MAC OS; Linux. Para baixar, acesse: